Excomunhão é necessária???
Bispos acreditam que polêmica sobre excomunhão poderia ter sido evitada
O arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, que excomungou os envolvidos na interrupção da gravidez, diz que há perdão, mas é preciso arrepender-se.
O caso da menina de 9 anos estuprada pelo padrasto em Pernambuco teve hoje mais um capítulo. Veja a reportagem de Beatriz Castro.
Os 14 bispos do nordeste, reunidos no Recife para o lançamento da Campanha da Fraternidade, acreditam que a polêmica sobre a excomunhão no caso poderia ter sido evitada.
O tom é de conciliação.
“Sempre, ao invés de pensar em excomunhão, eu penso sempre na inclusão. Estamos no tempo de pensar na inclusão”, observou Dom Antônio Muniz, presidente da CNBB/Nordeste.
O arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, que excomungou os envolvidos na interrupção da gravidez, agora fala em perdão.
“Não existe pecado sem perdão. Mesmo a pessoa que cometeu aborto. Agora, para receber perdão é preciso arrepender-se, é preciso uma conversão”, declarou Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e Recife.
Ele também comentou declaração do presidente Lula que criticou a excomunhão. “Se o presidente da república deseja fazer um pronunciamento sobre um tema teológico, eu sugeriria que ele primeiro pedisse um assessoramento, pedisse a um dos seus assessores que conheça a teologia, que conheça a doutrina da Igreja Católica”, afirmou Dom José Cardoso Sobrinho.
O Palácio do Planalto não vai comentar a declaração do arcebispo.
A menina recebeu alta da maternidade e junto com a mãe foi levada para um abrigo público. O endereço é mantido em sigilo. O Conselho Tutelar não quer que ela volte para Alagoinha, no Agreste do estado, antes de concluir o acompanhamento psicológico.
O arcebispo Primaz do Brasil, Dom Geraldo Magella, criticou os médicos. “Hoje que a medicina tem tantos meios, tantos recursos, vá acompanhando o curso da natureza, agora o que ela pode fazer é nem matar a mãe nem matar a criança”, disse Dom Geraldo Majella, arcebispo Primaz do Brasil.
O consultor da equipe que fez o aborto reafirmou hoje que a menina corria risco de morrer se a gravidez prosseguisse. “É religioso. Eu sou médico. Ele deve falar dos dogmas da religião. E Eu falo do lado médico. Ela poderia morrer de hemorragia. E se não de ruptura uterina. A medicina trabalha com probabilidade. Então a probabilidade mais alta era que ela morresse durante a gravidez”, reafirmou Olímpio de Morais.
O cardeal Giovanni Battista Ré é prefeito da Congregação dos Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.
Ele defendeu hoje a Igreja brasileira. Disse que os filhos gêmeos da menina de 9 anos tinham o direito de viver.
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