MACACO USA FERRAMENTAS COMO O HOMEM PRIMITIVO

Francisco José - Serra da Boa Vista (PI)


A Serra da Boa Vista, no Piauí, é um refúgio de animais selvagens, uma área de transição, onde a vegetação do cerrado que vem desde o Planalto Central encontra a caatinga, um ecossistema tipicamente nordestino. Os paredões da serra se tornaram abrigos de animais, como macacos e araras. São um laboratório natural para estudos de pesquisadores do Brasil e de outros países. Os macacos são primitivos, mas muito evoluídos.


Os pesquisadores estão fascinados com os macacos geniais que encontraram na região. A bióloga Camila Coelho e o médico veterinário e biólogo Luiz Biondi são da Universidade de São Paulo (USP). A chinesa Tim Liu veio dos Estados Unidos.
É preciso ver para crer e revelar a grande descoberta: "A quantidade de coisas que eles fazem que se assemelham a coisas que o próprio ser humano humanos faz", diz o biólogo.

Esses macacos são capazes de usar ferramentas como os homens da Idade da Pedra. Eles sustentam pedras mais pesadas do que o próprio corpo. Uma pedra com mais de 3,5 quilos é usada para quebrar cocos como se fosse um martelo.

"Eles escolhem pedras mais pesadas para cocos mais duros e pedras mais leves para cocos menos duros. E também a distância em que eles transportam os martelos", continua Camila Coelho.

"Tim é uma pesquisadora que está conosco agora. Ela faz pesquisa nos Estados Unidos e seu interesse é entender o que os macacos entendem do uso de ferramentas", explica Camila Coelho.

A pesquisadora chinesa Tim Liu instalou uma balança no meio do mato. Com a água, ela atrai os macacos. Quando eles sobem, são pesados. Depois ela faz a avaliação com o peso que eles usam para quebrar o coco e analisa a capacidade de força de cada um. Eles chegam rapidinho. Curiosos, acham muito estimulante a bacia de água limpa e fresca.

A experiência está dando certo. Para chegar à bacia, eles sobem na balança. Mais um ponto para a pesquisadora que veio de longe. Ela não perde tempo. Tim Liu observa, filma e vai anotando tudo, detalhe por detalhe, das inúmeras expressões corporais de todos que vão chegando, sem cerimônia. E é claro: ela documenta o comportamento e o peso de cada um.

"Ela pesa também os martelos, a dureza, o tamanho e as dimensões do coco", diz Camila Coelho.

É um encontro cheio de surpresas agradáveis. A pesquisadora Tim Liu já percebeu mais uma façanha dos macacos: eles sabem qual é a parte da pedra mais apropriada para quebrar os cocos, dependendo do tamanho da pedra e do tamanho do fruto.

Eles são animais diferenciados, mas de uma espécie conhecida: macaco-prego. Eles adquiriram muitas habilidades, talvez, para sobreviver. Ganharam mais resistência e inteligência, mas contaram com ajuda humana também.

Em um paraíso da Caatinga moram famílias simples com uma nobre e séria intenção: preservar a natureza.

"Nasci e fui criado aqui. Comecei a lidar com os animais aqui", conta o guarda-parque Marino “Mauro” Gomes de Oliveira.

Mauro fala sobre o trabalho de conscientização para que a população não mexa com os bichos. "Não podem entrar com arma. Estamos sempre defendendo. Os macacos, por exemplo, são como uma família para mim. Eu tenho seis filhos. Amo eles e amo também os macacos. O dia em que eu não vejo os macacos fico preocupado com eles", diz.

Tal pai, tal filho. Os herdeiros de Mauro já conhecem os macacos pelo nome.

"Tem o Amarelinho e o chefe do bando, que é o Mansinho", revela um de seus filhos.

"Existem dois gêmeos dos quais ainda não sabemos o nome porque o sexo não foi identificado", conta um outro filho de Mauro, o guarda-parque, Marino Júnior Fonseca de Oliveira.

Os gêmeos mamam ao mesmo tempo. A história dos filhotes é muito rara. “Pelo menos que eu tenha conhecimento, nunca haviam sido divulgados gêmeos do gênero Sebus que tivessem vingado na natureza. Isso é algo inédito", conta Luiz Biondi.

Pelo visto, o entusiasmo vai contagiando as pessoas que descobrem o lugar. "Nasci aqui. Os pesquisadores chagaram aqui e começaram a trabalhar, pesquisar e me contrataram como assistente porque eu já conhecia a área. Gosto muito de trabalhar na natureza, no lugar onde nasci. Eu amo esse lugar. Por isso, sou feliz", conta o gaurda-parque Marino de Oliveira".

"Eles ficam bem próximos porque já sabem que não mexemos, só preservamos", diz o filho de Mauro de Oliveira.

De geração em geração, as lições de vida se espalham nos sertões do Nordeste. É assim com os humanos.

"Começou com o meu pai. Eu já estou um pouco experiente, estou trabalhando, aprendendo e levando para os outros", diz Marino Júnior.

É assim também com os macacos.

"Eles aprendem a quebrar o coco com a pedra com os mais velhos. Quando são pequenos, eles observam o comportamento dos adultos. Depois, eles pegam pedras pequenininhas – até mesmo um coco – e batem em cima do outro brincando para aprender", explica o guarda-parque Mauro de Oliveira.

"Eu fui criado de maneira a acreditar que havia sempre uma separação muito grande entre seres humanos e qualquer tipo de animal. Quando a gente percebe que uma série de animais é capaz de fazer determinadas coisas é como se fosse uma revolução no modo de pensar. E esses animais são muito especiais", comenta Luiz Biondi.

Fonte: Reportagem copiada na íntegra do site do globo repórter.

Comentários

Solange Maia disse…
Mylla,

Que matéria interessante... gosto muito de observar os animais, eos macacos, é claro, nos fascinam mesmo...

Mudando de assunto eu AMEI a fotografia do título do blog... que força, que cores, que mão... belíssima escolha.

beijo grande

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